Exportações do agronegócio brasileiro atingem US$ 82,8 bilhões no primeiro semestre de 2024
23/07/24 - Victor Martins Cardoso
Valor dos embarques brasileiros é 0,4% menor do que em igual período do ano passado
O Brasil exportou, no primeiro semestre de 2024, o equivalente a US$ 82,8 bilhões em produtos agropecuários. O montante é 0,4% menor do que o exportado em relação ao mesmo período do ano passado, em valores correntes. O destaque nesse semestre foi a diminuição dos embarques para a China e o aumento no valor exportado de produtos como algodão, café e açúcar.
Em contrapartida, as exportações do complexo soja (grão, farelo e óleo), principal grupo de produtos na pauta exportadora do agronegócio brasileiro, tiveram queda no valor comercializado ao exterior. O grão de soja sofreu queda de 16,4%, enquanto as exportações de óleo e farelo foram 62,1% e 12,5% menores, respectivamente, do que no primeiro semestre de 2023. A explicação para esse movimento está na queda do preço da soja e derivados no mercado internacional, que ocorre desde meados de 2023. Como referência, até o final de junho de 2024, o preço[1] da oleaginosa (contrato futuro de soja na Bolsa de Chicago) encontrava-se próxima ao patamar de US$ 1.150,50 por bushel, valor aproximadamente 15% menor que no mesmo período do ano anterior. Já a expressiva diminuição das exportações de óleo de soja pode ser explicada pela queda de 59,2% do volume exportado do produto, uma vez que a forte demanda interna por biodiesel — causada pelo incremento do percentual da mistura no diesel fóssil de 12% para 14% — e os preços internacionais em baixa direcionaram o derivado para o mercado interno.
Em linha com a queda do complexo soja, as exportações di complexo de proteínas animais (carne bovina, de frango e suína) totalizaram cerca de US$ 5,73 bilhões, representando uma queda de 9,6% em relação ao primeiro semestre de 2023. A carne bovina foi a única proteína que apresentou aumento no valor das exportações, de 17,1% em relação ao mesmo período do ano passado, quando suas exportações para a China foram suspensas por 30 dias devido a um caso atípico de vaca louca (encefalopatia espongiforme bovina). Já a carne de frango e a carne suína registraram queda de 9,9% e 8,7%, respectivamente.
O aumento expressivo de 53,6% das exportações do complexo sucroalcooleiro foi principalmente impulsionado pelo açúcar. Enquanto as exportações de etanol diminuíram 15,2%, o valor exportado do adoçante no primeiro semestre deste ano foi 62% maior do que no do ano passado, alcançando uma marca de US$ 8,71 bilhões, em valores correntes. A explicação por trás desse valor encontra-se nas condições climáticas e nos preços em alta, devido à baixa oferta global do produto[1].
Outras commodities que apresentaram receitas das vendas externas maiores foram o algodão, o suco de laranja, a celulose, o grão de café, o fumo e os lácteos. O grande destaque foi o algodão, cujo valor corrente das exportações aumentou 234,1% em relação ao primeiro semestre de 2023, motivado pela alta demanda no mercado internacional e pela alta produtividade brasileira.
Em contrapartida, cereais como trigo e milho registraram um desempenho pior do que na primeira metade do ano passado. Afetados pelas baixas cotações no mercado internacional devido à alta oferta global, as exportações de trigo caíram 19,5% e as de milho registraram queda de 44%.
Quanto aos destinos das exportações do agronegócio brasileiro, China e Hong Kong permaneceram como os principais clientes dos nossos produtos agropecuários, mas com uma diminuição de 6,9% comparado ao primeiro semestre de 2023. O segundo maior destino das exportações do agro foi a União Europeia e o Reino Unido, com um valor corrente de aproximadamente US$ 12,06 bilhões, ligeira diminuição de 2%. Por outro lado, as vendas externas avançaram em outros mercados, como nos EUA (+15,9%), no Oriente Médio e Norte da África (+27,3%), no Sudeste Asiático (+17%) e na África Subsaariana (+20%).
Por fim, as importações de produtos agropecuários registraram um aumento de 7,9%, ao mesmo tempo que as compras externas de insumos caíram 11,9% em relação ao primeiro semestre do ano passado. Essa redução das compras de insumos foi principalmente puxada pela queda de 23,6% das importações de fertilizantes. Outros insumos, como maquinários e defensivos agrícolas, também registraram queda nas suas importações, de aproximadamente 23,2% e 0,8%, respectivamente. Já as importações de medicamentos cresceram 17,6% quando comparadas com o primeiro semestre de 2023. No total, o agronegócio brasileiro importou US$ 22,37 bilhões no primeiro semestre de 2024, resultando em um superávit de aproximadamente US$ 60,45 bilhões, leve aumento de 0,5%.
Tabela 1. Exportações do agronegócio brasileiro do primeiro semestre de 2023 e 2024, por produtos principais, em bilhões de dólares correntes e em milhões de toneladas
[1] Dados de Investing.com, preço referente ao contrato futuro de Soja Chicago – Ago 24 (ZSQ4)
[2] Para mais informações: https://www.cepea.esalq.usp.br/upload/revista/pdf/0781237001720207038.pdf
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