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Exportações do agronegócio no primeiro trimestre de 2024 avançam 4,5% em relação ao mesmo período de 2023

11/04/24 - Victor Martins Cardoso | Leandro Gilio

Comercio Internacional | Macroeconomia

Exportações do agronegócio no primeiro trimestre de 2024 avançam 4,5% em relação ao mesmo período de 2023

Wenderson Araujo/Trilux - Sistema CNA/Senar

Com o grão de soja e o açúcar liderando os embarques do agro brasileiro, o setor exportou US$ 37,7 bilhões no acumulado dos três primeiros meses deste ano

As exportações do agronegócio brasileiro alcançaram a marca de US$ 14,3 bilhões em março. Com isso, o valor exportado pelo setor no primeiro trimestre somou US$ 37,7 bilhões, o que representou um aumento acumulado de 4,5% em relação ao mesmo período do ano passado, em valores correntes[1].

 

O valor das exportações do complexo soja (grão, farelo e óleo) — grupo de produtos mais importante na pauta brasileira de exportações — foi de US$ 12,5 bilhões no trimestre, queda de 10,3% em comparação com o mesmo período do ano passado. O grão de soja e o óleo registraram baixas, de 8,3% e 70,7%, respectivamente, em valores. Já o farelo de soja cresceu 0,2%, na mesma comparação. No caso do grão, a queda foi motivada pela redução de 29,8% nos preços[1] internacionais do produto acumulada de março de 2023 a março de 2024, dado que houve expansão do volume exportado (22,09 milhões de toneladas, 15,7% acima do primeiro trimestre de 2023). No óleo, a forte redução é justificada pela combinação de maior demanda interna e preços internacionais em baixa, segundo informações da Abiove. Já para o farelo, a alta nos embarques advém de uma demanda que vinha sendo represada no mercado desde 2023. 

No complexo de proteínas, as exportações brasileiras atingiram US$ 5,25 bilhões, leve queda de 0,8% com relação ao mesmo trimestre do ano anterior. A boa notícia do setor veio das carnes bovinas, cujo valor das vendas ao exterior cresceu 18,8%, em relação ao primeiro trimestre de 2023. Já a carne de frango e a carne suína obtiveram quedas substanciais de -16,5% e -8,6% no mesmo período, respectivamente.

Quanto ao setor sucroalcooleiro, o açúcar vive um momento com preços favoráveis, em meio a preocupações do mercado internacional com relação a menor oferta global do produto. Com isso, o setor exportou US$ 5,13 bilhões neste trimestre, um aumento de 90,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse desempenho foi puxado principalmente pelo adoçante, cujo valor exportado cresceu 109,5% (o volume aumentou 78%, com o preço se mantendo num patamar elevado de 22,52 centavos de dólar por libra-peso), enquanto etanol obteve uma redução de -12,5% no mesmo período.

Já o milho e o algodão apresentaram comportamentos distintos em suas trajetórias desde o primeiro trimestre de 2023. Enquanto o cereal registrou uma queda de -42,3% no valor das suas exportações, o algodão teve um expressivo aumento de aproximadamente 215,5%, motivado pela alta demanda da China.

Por último, os grandes destaques nos demais produtos foram os lácteos, o grão de café e o suco de laranja. Embora o setor lácteo não exporte um valor significativo em relação a outros produtos da pauta exportadora do agronegócio brasileiro (US$ 56,7 milhões), as exportações cresceram 72,4%, comparadas ao primeiro trimestre do ano anterior. Já o grão de café aumentou em 33,8% (US$ 2,2 bilhões), enquanto o suco de laranja exportou 17% acima na mesma comparação (US$ 650 milhões).

Quanto ao quadro de países de destino das exportações, China e Hong Kong — principal demanda internacional do agronegócio brasileiro — elevaram em 0,6% em relação ao primeiro trimestre de 2023, alcançando o valor nominal de US$ 12,2 bilhões. Já para a União Europeia e o Reino Unido, o Brasil exportou 8,2% a menos no mesmo período. Em compensação, os EUA aumentaram em 18,7% as suas importações do agronegócio brasileiro, acompanhados de países como Emirados Árabes Unidos, Indonésia e Índia, que ganharam participação.

 

No lado das importações, as compras totais do exterior agronegócio brasileiro caíram 7,6% quando comparadas ao primeiro trimestre do ano passado, enquanto as importações de insumos reduziram-se em 17,1%. A queda deve-se principalmente aos fertilizantes, que registraram diminuição de 34,6% na comparação entre trimestres, atingindo um nível de US$ 2,27 bilhões. Outros insumos, como medicamentos e defensivos agrícolas, tiveram crescimento nas suas importações, de 20,9% e de 8,7%, respectivamente, na mesma comparação de períodos. Assim, as importações totais (produtos agropecuários e insumos) neste ano totalizaram US$ 10,4 bilhões. Com isso, o agro brasileiro apresentou um saldo positivo na balança comercial de US$ 27,3 bilhões, 10,1% maior do que o apurado no mesmo período do ano passado.   

Tabela 1. Exportações do agronegócio brasileiro em fevereiro e março de 2023 e 2024, por produtos principais, em bilhões de dólares correntes


[1] Dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) – Sistema Comex Stat (2024). A definição de “produtos do agronegócio” utilizada nesse estudo corresponde ao agrupamento de produtos utilizado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária no sistema AGROSTAT - Estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro.
[2] Dados de Investing.com, preço do contrato futuro de Soja Chicago – Mai 24 (ZSK4)

 

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