Curso prepara profissionais para lidar com os riscos da comercialização no agronegócio
11/08/25

Programa coordenado por Murilo Parada e Berenice Righi Damke integra visão estratégica, fundamentos de formação de preços e uso de instrumentos financeiros, com aplicação prática em cadeias agroindustriais.
O Insper Agro Global promove em outubro o curso Gestão de Riscos em Comercialização no Agronegócio, uma imersão presencial de três dias voltada a profissionais que atuam ou desejam atuar no setor, especialmente nas áreas de comercialização, gestão de riscos, logística, trading e finanças. Coordenado por Berenice Righi Damke e Murilo Parada, o programa reúne especialistas com ampla experiência de mercado para oferecer uma visão abrangente dos fatores que influenciam preços, margens e estratégias no agronegócio, além das ferramentas para mitigar riscos e aumentar a previsibilidade dos resultados.
O curso abordará temas essenciais para a comercialização eficiente de commodities agrícolas e a gestão de riscos financeiros. Entre os principais tópicos estão: análise da inserção do agronegócio brasileiro no mercado internacional e os impactos das questões geopolíticas; estratégias de comercialização e formação de preços; custeio, financiamento e investimentos no setor; influência da logística nos custos e margens; precificação e uso de derivativos na proteção financeira; crédito e gestão de financiamento; estudos de caso sobre o impacto dos derivativos; e estratégias práticas de comercialização em cadeias como soja, milho, açúcar e biocombustíveis.
Para Murilo Parada, executivo com mais de 20 anos na Louis Dreyfus Company — onde foi CEO no Brasil e Chief Sustainability Officer Global — e atual conselheiro estratégico da Sail Investments, a proposta do curso nasceu da identificação de uma lacuna no mercado brasileiro. “Nenhuma instituição oferecia um programa realmente completo sobre comercialização no agronegócio, integrando fundamentos, visão estratégica e aplicação prática. Nossa ideia foi reunir profissionais experientes para cobrir os principais elementos que afetam preços e margens, criando uma visão holística de gestão de risco”, afirma.
Segundo ele, compreender o cenário internacional é indispensável para quem atua no agronegócio brasileiro, um setor fortemente exportador e sujeito a variáveis como clima, câmbio, tarifas e infraestrutura. “O Brasil é formador de preço em várias cadeias agroindustriais. Isso traz responsabilidade e, ao mesmo tempo, oportunidades para quem sabe navegar em um mercado tão dinâmico”, observa.
Ferramentas para reduzir riscos e proteger margens
Berenice Righi Damke, professora do Insper e sócia-fundadora da Damke Consultoria e Treinamento e especialista em derivativos de juros, moedas e commodities, ressalta que a gestão de riscos vai além do conhecimento do mercado físico: exige domínio dos instrumentos financeiros disponíveis. “No agronegócio, é comum que o custo seja definido meses antes de a receita ser realizada. Os derivativos permitem fixar preços de venda ou compra antecipadamente, conectando o mercado físico ao financeiro e reduzindo a exposição às oscilações de preços e câmbio”, explica.
Ela destaca que, embora grandes empresas já utilizem essas ferramentas, pequenos e médios produtores também podem se beneficiar. “Na B3, por exemplo, contratos futuros de soja ou milho podem ser negociados com apenas 450 sacas. Não é um recurso restrito aos grandes exportadores. A acessibilidade vem aumentando e os custos de operação diminuindo, o que permite que mais produtores utilizem o hedge como proteção de margens.”
O curso abordará os quatro principais tipos de derivativos: contratos futuros e opções — negociados em bolsa, como B3, Chicago e ICE —, e termos e swaps, oferecidos por bancos. Enquanto os futuros servem como referência de preço no processo de comercialização, as opções funcionam de forma semelhante a um seguro, garantindo ao comprador o direito de comprar ou vender a um preço previamente estabelecido. Já os swaps, mais comuns para taxas de juros e moedas, são relevantes no agronegócio porque muitas empresas se financiam em dólar.
O componente cambial será tratado de forma aplicada, considerando o peso do dólar no setor. “As receitas e custos do agronegócio são fortemente dolarizados. Um hedge cambial bem estruturado evita que variações na taxa de câmbio comprometam margens ou resultados. Isso vale tanto para exportadores quanto para quem compra insumos importados”, explica Berenice.
Aplicação prática com especialistas do mercado
O curso contará com especialistas convidados para aprofundar questões específicas. Um deles tratará do impacto da logística na formação de preços, abordando os modais rodoviário, ferroviário, hidroviário e portuário. Outro discutirá estratégias de financiamento corporativo, avaliando decisões sobre endividamento em real ou dólar e diferentes modalidades de crédito no setor. Também serão apresentados casos reais de precificação e comercialização, permitindo aos participantes entender como aplicar, na prática, conceitos e ferramentas de gestão de risco.
Murilo Parada reforça que o curso não se limita a responder questões conjunturais, como as recentes disputas comerciais globais envolvendo o “tarifaço” imposto pelo governo de Donald Trump. “O objetivo não é oferecer soluções apenas para o problema da vez, mas formar profissionais capazes de navegar na complexidade estrutural do agronegócio. Tarifas são apenas um dos riscos; existem muitos outros — cambiais, logísticos, climáticos, regulatórios — que exigem preparo técnico e visão sistêmica.”
Para Berenice, um dos diferenciais do curso está na combinação única de temas e perfis profissionais. “Pouquíssimos programas unem, de forma integrada, a comercialização, a logística e o uso de derivativos voltados especificamente para commodities agrícolas, sempre com docentes e convidados que atuam no dia a dia desse mercado”, afirma. Murilo acrescenta que a diversidade de casos e a integração entre diferentes especialidades tornam o curso relevante para qualquer elo da cadeia. “Queremos que os participantes saiam com instrumentos práticos e uma visão estratégica sólida para atuar com segurança e eficiência.”
O curso também promete uma experiência de networking qualificada, reunindo profissionais que transitam em diferentes segmentos da cadeia agroindustrial. “Esperamos que a troca entre os participantes seja tão rica quanto o conteúdo das aulas. A convivência e o debate promovido em especial pelos Workshops aplicados ao longo do curso ajudam a consolidar o aprendizado”, conclui Berenice.
O curso Gestão de Riscos em Comercialização no Agronegócio será realizado presencialmente no campus do Insper, em São Paulo, de 9 a 11 de outubro. Não perca!
Mais informações e inscrições neste link.
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