Insper e IICA organizam sessão dentro da reunião do Grupo de Trabalho da Agricultura do G20
12/06/24 - Ernesto Yoshida
Em encontro do G20 em Brasília, Insper Agro Global e IICA apresentaram trabalho sobre a importância do comércio global para a segurança alimentar
Nos dias 11 e 12 de junho, aconteceu em Brasília o terceiro encontro do Grupo de Trabalho da Agricultura do G20, que reúne 19 economias desenvolvidas e em desenvolvimento, a União Africana e a União Europeia. O encontro é parte de um calendário que contempla uma série de reuniões e eventos que serão realizados em 15 cidades até novembro de 2024, quando acontece a cúpula dos chefes de Estado e de Governo no Rio de Janeiro (leia mais aqui).
No primeiro dia do encontro em Brasília, o Insper Agro Global, em parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), de forma inédita, organizaram uma seção sobre o tema “International Food Trade and Global Food Security”. O coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank, apresentou para os chefes e representantes de Estado presentes um panorama do atual estado da segurança alimentar e nutricional no mundo e recomendações de políticas públicas para a promoção do comércio internacional de alimentos e a garantia da segurança alimentar global.
Aproveitando a oportunidade, como forma de promover o engajamento de seus membros estudantes, o Insper Agro Global proporcionou a participação na reunião de dois de seus assistentes de pesquisa. Marcos Abdalla e Victor Cardoso são, respectivamente, alunos da graduação em administração e economia. Eles fazem parte do centro desde 2023 e colaboraram na elaboração do material apresentado durante a sessão do encontro do G20. Ex-membros da organização estudantil AgroInsper, eles tiveram a oportunidade de vivenciar pela primeira vez como como são travados os diálogos em um fórum multilateral. Também estabeleceram contato com diferentes representantes das nações presentes e viram o resultado do seu trabalho na prática.
Os dados apresentados pelo estudo do Insper/IICA mostram que cerca de 735 milhões de pessoas no mundo — cerca de 9% da população global — sofrem de desnutrição, com maior incidência na Ásia e na África. Essas regiões, que abrigam países pobres ou em desenvolvimento com populações crescentes, enfrentam desafios significativos devido ao aumento dos preços no mercado global de alimentos e às restrições ao comércio internacional, dificultando o acesso a alimentos adequados e aumentando a vulnerabilidade nutricional. Além disso, mais de 3 bilhões de pessoas no mundo — ou 42% da população global — não têm acesso a uma alimentação saudável. Na África, essa proporção chega a 80%. Isso se deve ao alto custo de dietas saudáveis nos países em desenvolvimento, onde uma parcela maior da renda é dispendida com alimentação, ao contrário do que ocorre em países desenvolvidos. Portanto, fica evidente que o problema da insegurança alimentar está intrinsecamente ligado à questão da renda.
Conforme destacado na apresentação, o comércio internacional é essencial para aprimorar a segurança alimentar e a nutrição. Entre outros impactos positivos, ele conecta sistemas alimentares nacionais, movendo alimentos de regiões com excedentes para aquelas com déficits, facilitando a formação de um sistema alimentar global sustentável e tendo efeitos distributivos. Além disso, aumenta a diversidade de escolhas alimentares disponíveis aos consumidores, promovendo a diversificação das dietas. Também estabiliza preços, tornando os alimentos mais acessíveis para populações vulneráveis e reduzindo os efeitos de choques temporários. Outra vantagem do comércio internacional é que ele impulsiona a produtividade agrícola, aumentando a renda dos agricultores e disseminando tecnologias e melhores práticas. Por fim, permite uma alocação eficiente de recursos, possibilitando que a produção ocorra em regiões mais produtivas e sustentáveis e mitigando interrupções no fornecimento devido a fatores climáticos.
Recomendações de políticas
Para enfrentar os desafios da segurança alimentar, Insper e IICA elaboraram, com contribuições do B20 e do T20 uma lista de políticas públicas para promover o comércio global de alimentos, visando reduzir os preços, aumentar o acesso e a diversidade de alimentos, estabilizar o fornecimento em tempos de crise e gerar emprego e renda em áreas rurais. Entre as sugestões destacam-se:
* Reforçar o papel central da OMC em manter um sistema de comércio justo e sustentável, incluindo processos relacionados à ação climática e transformação digital.
* Aprimorar o sistema de solução de controvérsias da OMC de forma a torná-lo mais operacional e eficaz.
* Concluir as negociações agrícolas sobre estoques de segurança alimentar, apoio doméstico e acesso ao mercado.
* Limitar restrições à exportação em emergências por meio de acordos que facilitem as exportações de bens essenciais durante crises.
* Desenvolver um sistema global de rotulagem por meio da implementação de um sistema internacional unificado.
* Melhorar as negociações comerciais com transparência de dados e compartilhamento de informações.
Com essas propostas, espera-se uma maior conexão entre mercados globais, melhor alocação de recursos, aumento da produtividade na produção de alimentos e a formação de sistemas agroalimentares mais sustentáveis. O estudo foi elaborado por Marcos Jank, Leandro Gilio, Marcos Abdalla e Victor Cardoso (todos do Insper Agro Global) e Joaquim Arias, Eugenio Diaz-Bonilla, Karla Vega, Milagros Conislla e Eugenia Salazar (do IICA) e contou com contribuições do B20 e do T20.
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